O antigo Presidente sul-africano Jacob Zuma está a enfrentar uma tentativa de o expulsar de posições de liderança no seu novo partido, informou a emissora estatal SABC três semanas antes de uma eleição em que se espera que atraia um apoio significativo.

Uma das figuras mais polémicas da África do Sul, Zuma foi presidente de 2009 a 2018, quando foi forçado a demitir-se na sequência de uma série de escândalos de corrupção envolvendo a sua administração.

Abertamente hostil ao seu sucessor, o Presidente Cyril Ramaphosa, Zuma anunciou em dezembro que não votaria no Congresso Nacional Africano (ANC), o seu partido de longa data, nas eleições de 29 de maio, apoiando em vez disso o novo partido ‘uMkhonto we Sizwe’ (MK). Com as sondagens a sugerirem que o ANC perderá a sua maioria pela primeira vez desde que chegou ao poder em 1994, os partidos mais pequenos, como o MK, poderão potencialmente ganhar vantagem após as eleições, num cenário em que o ANC procura parceiros de coligação.

De acordo com as sondagens, o apoio ao MK tem oscilado entre 8% e 13% desde o apoio de Zuma. Zuma tornou-se o rosto público do partido, apesar de continuar a ser membro do ANC. Mas depois de Zuma se ter desentendido com o fundador do MK, Jabulani Khumalo, e o ter expulsado do partido, Khumalo respondeu escrevendo à comissão eleitoral dizendo que Zuma não era o líder legítimo do MK e que o seu rosto não devia aparecer nos boletins de voto, informou a SABC.

Um porta-voz do MK disse que Zuma era o presidente do partido e que Khumalo tinha sido expulso. A comissão eleitoral disse que não queria envolver-se em disputas internas do partido e que Zuma era o líder registado do MK desde 10 de abril. Para avaliar o potencial de Zuma para causar perturbações, o ANC adiou uma audiência disciplinar contra ele que deveria ter lugar esta semana, alegando preocupações de segurança antes das eleições.

Zuma continua a ser uma força na política sul-africana, especialmente na sua província natal de KwaZulu Natal, onde os protestos eclodiram em 2021 depois de ter sido preso por se ter recusado a participar num inquérito sobre corrupção.

O MK tem o nome do antigo braço armado do ANC na era do apartheid.