O cidadão angolano está a enfrentar cada vez mais dificuldades para sobreviver diariamente, face ao aumento de preços dos bens e serviços essenciais. Os preços da alimentação, saúde e vestuário, quase que duplicaram nos últimos quatro anos. E quais os principais motivos para tal subida de preços? Uma já recorrente fraca capacidade de produção interna e a desvalorização cambial.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), os preços relacionados com comida, consultas médicas, assim como vestuários e outras coisas básicas da vida de uma pessoa, ficou muito mais caro desde o início da pandemia da Covid-19 em 2020. Em termos práticos, uma grande parte das famílias angolanas está a tentar apenas sobreviver, pois os seus rendimentos acabam por ser absorvidos em bens essenciais, não tendo a chance nem de fazer uma poupança. Isso é um luxo que poucos podem desfrutar. 

O aumento dos bens essenciais, como alimentos e medicamentos (produtos essencialmente importados), que entre 2020 e 2023 andou em valores acima dos 80 %, atestam mais uma vez, que é fundamental o aumento da produção interna e dar incentivos aos agricultores, por exemplo, de forma a travar o aumento exponencial dos preços dos bens essenciais. Além disso, é indispensável que o Governo trabalhe no sentido de reverter esta desvalorização cambial, que se tem agravado nos últimos anos. Desde o início da reforma cambial em 2018, o kwanza já depreciou 75 % face ao dólar.

Esta situação não seria tão desesperante se os salários conseguissem acompanhar os preços dos bens básicos. Contudo, o que se verificou, foi que, desde 2020, os salários mínimos nacionais só subiram uma vez, e apenas 50 % o que significa um aumento inferior ao verificado nos preços dos bens essenciais.

Não é surpresa assim, que um menor poder de compra da população esteja a atirar mais angolanos para a pobreza extrema. Segundo o “World Poverty Clock”, um domínio financiado pelo governo alemão, no final de 2023, aproximadamente 31 % dos angolanos viviam em pobreza extrema, ou seja, tinham menos de 2,15 dólares por dia para despesas básicas.