O discurso anual do Presidente da República sobre o Estado da Nação, tem vindo a ser um dos palcos preferidos para os dois principais partidos de Angola se digladiarem em argumentos. O presidente da República, anuncia os resultados da sua governação, e os deputados do principal partido da oposição (UNITA) contestam esses mesmos resultados. Mais uma vez fizeram ouvir bem a sua discordância, lembrando vários assuntos incómodos da governação de João Lourenço (JLo), como a questão das autarquias, ou levantando cartazes, onde se liam frases como “Presidente demita-se”, “o povo tem fome”, “liberte os presos políticos”, ou “acabe com a ditadura”.
Um dos protagonistas da UNITA, foi Liberty Chiaka, o líder parlamentar, que se mostrou indignado com as acusações de JLo, durante o seu discurso, em que acusou políticos e parlamentares, “que têm a obrigação de defender a lei e o bem público”, instigam e fomentam crimes como o contrabando de combustíveis e a vandalização de bens públicos.
Assim, expressou sua disposição para investigar as acusações feitas pelo Presidente. Chiaka denunciou que os responsáveis pelo contrabando de combustíveis são, na verdade, membros do regime, insinuando que Lourenço estava direcionando as suas acusações para os seus opositores no parlamento.
Além disso, Chiaka alertou para um suposto plano de usar o poder judicial para perseguir adversários políticos, destacando que essa iniciativa estaria fadada ao fracasso. O líder parlamentar da UNITA expressou também desapontamento com a descrição feita por Lourenço sobre o Estado da Nação, alegando que ela não refletia a dura realidade vivida pelos angolanos. Ele enfatizou que Angola apresenta retrocessos no Estado democrático de direito e criticou a existência de presos políticos e de consciência no país.
Questionou também a nova divisão política administrativa que aumentou o número de províncias em Angola, considerando que isso impactaria negativamente a materialização das autarquias locais. Ele expressou insatisfação com a falta de menção à grave situação de fome no país, sublinhando que milhões de angolanos enfrentam a pobreza e a fome, sem que estratégias eficazes tenham sido apresentadas para lidar com essas questões.
Chiaka realçou igualmente que JLo não reconheceu os excessos e as violações dos direitos humanos, ignorando a grave situação de criminalidade que Angola enfrenta e contradizendo a afirmação de que a segurança pública estaria controlada.