A UNITA, principal partido da oposição em Angola, acusou o Governo de João Lourenço de uma “incapacidade flagrante” no combate à atual epidemia de cólera, considerada a pior nos últimos 30 anos. Com mais de 14 mil casos e mais de 500 mortes registadas desde janeiro, a situação epidemiológica é alarmante, tendo já atingido 17 das 21 províncias do país.

Segundo Anastácio Rúben Sicato, ministro da Saúde do “governo sombra” da UNITA, a expansão da doença demonstra o fracasso das autoridades em conter o surto nos seus estágios iniciais. “Estamos perante uma verdadeira epidemia em expansão nacional. O executivo não conseguiu conter o alastramento da doença quando esta surgiu”, afirmou, em conferência de imprensa.

A UNITA sublinha que a cólera encontrou o país num estado de vulnerabilidade extrema, com um “frágil sistema de saúde, uma assistência primária débil e um pobre saneamento do meio”. A crítica é sustentada pela elevada taxa de letalidade da doença em Angola, atualmente nos 3,6%, bem acima da média mundial (1,9%) e africana (2,9%), segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

Para o partido da oposição, a presente crise sanitária espelha uma profunda desestruturação social e a regressão das condições de vida das famílias angolanas, em parte atribuídas à ineficácia prolongada das políticas públicas de saúde e saneamento.

A UNITA propõe medidas imediatas, incluindo o reforço da informação pública sobre a doença, melhoria urgente no acesso à água potável e saneamento básico, e uma mobilização geral da sociedade para travar a propagação da epidemia.