A não ser que alguma surpresa surja, o processo de destituição de João Lourenço anunciado pela Unita foi tempo perdido. Aparentemente, até a própria Unita começa a duvidar.
Por isso, tem de se colocar uma questão: por que é que a Unita avançou com a ideia de destituir o Presidente?
Parece demasiado usar a ” bomba atómica” constitucional só para obter uns títulos de imprensa durante umas semanas. Certamente, não estaria à espera de um movimento de rua que a suportasse.
A resposta mais provável é que a Unita acreditou nas intrigas do MPLA. É sabido que altos dirigentes do MPLA, antigos e actuais, ocupam 98% do seu tempo a dizer mal do Presidente, do governo, quando não em intrigas e conspirações, sobretudo, em Lisboa.
A Unita possivelmente acreditou que esses dirigentes passariam da conversa, muitas vezes etílica, para a prática. Acreditou que iria ter o voto dos descontentes, até por, talvez, ser secreto.
Entretanto, já percebeu que não é assim. Depois das falas de Chivukuvuku, até pode nem ter os 90 votos do bloco oposicionista.
O que parece é que as promessas dos dirigentes descontentes do MPLA não se materializaram e a Unita foi, de certo modo, traída pela oposição interna a João Lourenço.