A companhia aérea angolana continua na senda dos prejuízos.  A TAAG – Linhas Aéreas de Angola continua a enfrentar desafios financeiros, apesar da recuperação gradual do sector global de transporte após os impactos da pandemia.

Segundo o relatório e contas divulgado pelo Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE), a companhia aérea nacional registou um resultado líquido negativo de 90,1 mil milhões Kz em 2023, acumulando prejuízos de 1,7 mil milhões USD ao longo de 10 anos. Essa situação decorre, em parte, das restrições de circulação causadas pela pandemia da Covid-19, que reduziram significativamente o número de passageiros transportados. Embora tenha havido um aumento de 45% no número de passageiros em 2023 em comparação com o ano anterior, os custos operacionais continuaram a superar as receitas, resultando em prejuízos contínuos.

Os custos operacionais da TAAG foram impulsionados principalmente pelo aumento dos “Outros custos e perdas operacionais”, que aumentaram em 91%, principalmente devido ao fornecimento de combustível no país e no estrangeiro. Além disso, as despesas com passageiros e as taxas aeroportuárias de aterragem triplicaram, contribuindo para o aumento dos custos operacionais da empresa. O relatório também revelou um crescimento de 25% nos custos com pessoal, impulsionado pelo aumento do número de colaboradores.

Além dos custos operacionais, a TAAG registou 31,4 mil milhões Kz de perdas financeiras em 2023, principalmente devido a diferenças de câmbio desfavoráveis. Este resultado contrasta com os ganhos de 10,5 mil milhões Kz alcançados em 2022, contribuindo ainda mais para os resultados negativos da empresa.

O especialista em aviação comercial, Pedro Castro, destacou a vantagem da TAAG em termos de custo operacional do combustível utilizado pelas aeronaves, que é altamente subvencionado e representa aproximadamente 30% dos custos operacionais de outras empresas aéreas. No entanto, também argumentou que, dada essa posição privilegiada, a TAAG deveria ser altamente lucrativa, levantando questões sobre a gestão dos recursos da companhia.

Daí que seja legítimo perguntar o motivo dos contínuos prejuízos da TAAG, comparando a situação com um caso de má gestão financeira em outra companhia aérea. É fundamental garantir a transparência na gestão financeira da TAAG para resolver os seus desafios e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

A necessidade de injeções de capital contínuas por parte do Estado deverá ser objeto de questionamento e debate, isto se realmente pretendemos garantir a viabilidade futura da companhia aérea.