Esta é a convicção transmitida pelos sindicatos. A função pública aderiu à segunda fase de uma greve geral que irá decorrer até 30 de Abril. O aumento de 30 mil kwanzas anunciado pelo Presidente da República, João Lourenço, não foi suficiente para fazer recuar as diversas reivindicações dos trabalhadores da função pública.
A paralisação foi observada nos setores da educação, saúde e justiça. Nas escolas, os alunos tiveram que retornar para casa devido à ausência de aulas ministradas por professores em greve. No setor da saúde, os médicos ofereceram apenas atendimento a casos graves e consultas agendadas, enquanto nos serviços de justiça foram mantidos os serviços mínimos.
Realce para a presença policial, especialmente em Luanda, com unidades caninas, cavalaria, polícia de intervenção rápida e outras forças de ordem pública em atividade para evitar eventuais reações. As centrais sindicais solicitaram que os funcionários públicos permanecessem em casa e não se deixassem intimidar pelos descontos salariais anunciados como represália pelo governo.
Recordamos que a segunda fase da greve foi motivada pelo descontentamento das centrais sindicais em relação ao aumento salarial, que consideraram insuficiente. Elas enfatizaram que não foram consultadas conforme recomenda a legislação ao implementar medidas relacionadas aos salários.
O porta-voz das centrais sindicais, Teixeira Cândido, salientou que a expectativa dos trabalhadores não foi atendida, devido à perda do poder de compra em relação à inflação e à carga fiscal sobre os rendimentos.
Além disso, as centrais sindicais planeiam uma última etapa de paralisações para o mês de junho, coincidindo com a implementação do aumento salarial pelo governo. Por outro lado, o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social manifestou abertura ao diálogo, mas não conseguiu evitar as paralisações.
No sector privado, até ao momento não houve paralisação observada. A insatisfação dos funcionários públicos em relação ao aumento salarial está bem evidente; o executivo angolano não pode continuar a fingir que o rumo que a economia está a seguir irá trazer prosperidade para o povo.