É indesmentível o esforço que está a ser feito na construção de infra-estruturas de Saúde. Este é um facto que tem de ser assinalado.
No entanto, a política é sempre a arte de tornar o impossível como possível, de ir resolvendo problemas atrás uns dos outros. E quando se vê as novas estruturas de Saúde coloca-se logo uma questão: há médicos, enfermeiros, administradores, técnicos, auxiliares de saúde para todas esta instalações? Em resumo, há recursos humanos para corresponder aos novos recursos físicos?
A falta de médicos em Angola é uma questão preocupante. Angola tem cerca de 6.400 médicos para uma população de aproximadamente 28 milhões de habitantes. Isso resulta em um médico para cerca de 4.400 habitantes, o que é considerado insuficiente pela Ministra da Saúde angolana. Apesar da carência de médicos, existem cerca de 1.500 médicos desempregados no país. O governo angolano planeia substituir médicos expatriados que estão a trabalhar em hospitais públicos por médicos nacionais, levando em consideração esses profissionais desempregados.
Recentemente, os médicos angolanos entraram em greve devido a alegados incumprimentos na resolução dos pontos do seu caderno reivindicativo, principalmente no que diz respeito ao aumento salarial e melhores condições de trabalho.
Estas questões destacam a necessidade de uma maior aposta na formação de quadros e na gestão da saúde.
Estamos a passar de um momento de construção para um momento de gestão.
Os centros e postos médicos nas várias comunidades do país enfrentam desafios significativos. Muitos não possuem condições adequadas para assistência aos utentes, faltando luvas, medicamentos e até mesmo macas e camas para internamentos. Os hospitais debatem-se com problemas de recursos humanos. Há áreas de especialização onde não há profissionais suficientes para tratar certas doenças. Em algumas localidades fora de Luanda, nem existem postos médicos. Por exemplo, na Embala Canhanho, uma das localidades do município da Nhareia, província do Bié, os populares percorrem quilómetros em busca de assistência.
A pandemia da Covid-19 agravou a situação, pois os investimentos foram direcionados para o combate à pandemia, esquecendo-se dos outros serviços. Isso resultou no agravamento de outras doenças e os hospitais perderam a sua capacidade de intervir. Apesar desses desafios, existem exemplos de sucesso, como a construção e o equipamento de novas unidades de saúde por todo o país. Portanto, há a necessidade de investimentos contínuos e gestão eficaz para melhorar a situação da saúde em Angola