As remessas enviadas por estrangeiros residentes em Angola para os seus países de origem caíram drasticamente em 2024, totalizando apenas 246,6 milhões de dólares. Este valor representa uma queda de 43% face aos 436,5 milhões registados em 2023. Em apenas dois anos, a saída de divisas por via de remessas caiu mais de 75% face ao pico de 1.039,1 milhões USD registado em 2022.
O principal responsável continua a ser o enfraquecimento do kwanza. A moeda nacional sofreu uma forte depreciação nos últimos anos, atingindo o seu ponto mais baixo em Outubro de 2023 (951 Kz/1 USD), dificultando a conversão e transferência de valores significativos em divisas. Apesar de alguma recuperação no final do ano, a taxa de câmbio fixada em 912 Kz por dólar não foi suficiente para reverter a tendência de queda.
Além da pressão cambial, os bancos comerciais enfrentam sérias dificuldades operacionais na execução de transferências internacionais, com atrasos que chegam a quatro meses. A introdução da Contribuição Especial sobre as Operações Cambiais de Invisíveis Correntes (CEOC) agravou ainda mais o cenário, penalizando transferências de particulares com uma taxa de 2,5%, e de empresas com 10%.
Apesar de alguma compensação com o aumento das transferências associadas a contratos de trabalho, os dados revelam um claro recuo na capacidade dos expatriados enviarem dinheiro para fora do país. Esta tendência reflete a crescente escassez de divisas, políticas cambiais restritivas e um ambiente económico pouco atractivo, que continuam a limitar a mobilidade financeira em Angola.