Entre 4 e 6 de Setembro decorre o Fórum de Cooperação China-África, e um dos grandes ausentes, é o Presidente da República, João Lourenço, que se encontra numa visita privada aos Emirados Árabes Unidos, não se sabendo até à data o motivo de tal deslocação.

Estamos muito longe das relações privilegiadas dos tempos de José Eduardo dos Santos, quando Angola chegou a ser o segundo maior fornecedor de petróleo ao país asiático.

Angola caiu para o 8º lugar no ranking dos países fornecedores de petróleo para a China em 2023, com a Rússia a superar a Arábia Saudita como o maior fornecedor. A queda na produção de petróleo angolana e a entrada de novos players, como os EUA, enfraqueceram as relações comerciais com a China.

Na realidade, desde 2019, a China emprestou dinheiro a Angola apenas uma vez, um empréstimo de 79,7 milhões de USD, muito abaixo dos quase 45 mil milhões de dólares emprestados desde 2002. Isso mostra que os financiamentos chineses para Angola também diminuíram.

As trocas comerciais entre os dois países também encolheram 34,5% numa década, com as exportações de petróleo angolano para a China a cair drasticamente desde os anos de pico em 2012-2013, quando a produção petrolífera estava acima de 1,7 milhões de barris por dia. Actualmente, a produção é 600 mil barris/dia menor.

Um jornal espanhol afirmou que ” “o petróleo está a acabar numa das fontes favoritas da China e não há solução a curto prazo”, referia-se a Angola, e por isso, Pequim busca novas parcerias, especialmente com países do Golfo e a Rússia.

Angola está a tentar desesperadamente manter a sua produção petrolífera, inclusive saindo da OPEP, mas a queda a longo prazo é inevitável devido aos limites dos campos petrolíferos do país.

Apesar da longa parceria entre Angola e China, com empréstimos bilionários para a reconstrução do país após a guerra civil, essa relação tem vindo a enfraquecer;  não nos podemos esquecer que a corrupção e a fraca qualidade das obras são ‘manchas’ difíceis de apagar nos empréstimos chineses.