Já não estamos no período dos ‘irritantes’ da justiça, ou pelo menos, os casos bem conhecidos passam por uma outra fase, onde já não se discute tanto a cooperação entre os dois países. Contudo, se existem alguns motivos para sorrir no plano político, sabendo-se que o Presidente da República, João Lourenço, sustenta uma boa relação com o seu congénere português, Marcelo Rebelo de Sousa, na vertente económica/comercial a relação já conheceu melhores dias.
A mudança nas relações económicas entre Portugal e Angola, em comparação com a década passada é bem evidente. Enquanto Portugal foi um destino popular para os portugueses durante a crise económica, agora são os angolanos que migram para Portugal devido às dificuldades económicas vividas em Angola.
As relações políticas entre os dois países estão positivas, sem serem deslumbrantes. As questões judiciais anteriores que causaram mal-estar foram superadas, e atualmente existe alguma colaboração nos casos legais. Contudo na vertente económica há vários desafios a enfrentar, e é necessário um choque de estímulos, que deve passar por uma colaboração mais abrangente entre os governos e a classe empresarial dos dois países.
Portugal perdeu sua posição como principal fornecedor para Angola, e a desvalorização cambial e os ciclos recessivos da economia angolana têm impactado negativamente as trocas comerciais entre os dois países.
Além disso, a introdução de uma taxa sobre operações cambiais tem afetado o empresariado, prejudicando o investimento e a entrada de novas empresas portuguesas em Angola. A estabilidade cambial, as dificuldades de acesso a divisas e os atrasos nos pagamentos do Estado têm sido os principais obstáculos ao investimento em Angola. Os empresários portugueses demonstram relutância em investir devido a essas dificuldades, o que também é um problema de perceção para o país africano.
Atualmente, o país enfrenta desafios económicos internos, como alta inflação e desvalorização cambial, e isso tem impactado as trocas comerciais com Portugal. Angola busca novos mercados para importação de bens alimentares, o que reduz a importação de produtos portugueses devido a preços mais baixos de outros países. No atual contexto, a presença das marcas portuguesas nos supermercados tem enfrentado concorrência de marcas estrangeiras mais baratas.
Em suma, as relações económicas entre os dois estados não estão a atravessar um bom momento, devido a fatores como a desvalorização cambial, atrasos nos pagamentos, e a busca de Angola por novos mercados de importação.