As estranhezas por parte dos poderes constituídos: foi absurdo conferir 70% a Daniel Chapo, um governador da FRELIMO escolhido na 25ª hora devido a divergências dentro do partido, que ninguém conhecia. Nunca, em tempo algum, teria 2/3 da votação, quanto mais 70%. Erro estúpido.

Foi precipitado por parte de João Lourenço, enquanto Chefe de Estado, talvez não enquanto líder do MPLA, em saudar a vitória de Chapo sem a validação do Conselho Constitucional de Moçambique. Esta validação faz parte do processo normal eleitoral, e só no fim dela se pode anunciar oficialmente quem venceu. O anúncio da CNE é provisório por natureza.

É evidente que o povo moçambicano está farto da má governação, da corrupção, da falta de empenho da FRELIMO na melhoria das condições de vida. É evidente que a FRELIMO nem sequer se dignou preocupar com o que o povo pensa. Esta FRELIMO já não serve Moçambique.

Do outro lado. Mondlane embarcou na teoria da desobediência civil para provocar uma revolução. Sabe que essa revolução só terá sucesso se gerar mortos e mártires que incomodem a comunidade internacional. Tem de gerar sublevação incendiária suficiente para criar medo.

Contudo, lidera a revolução do exílio. Não lidera as manifestações da linha da frente, mas dum esconderijo. Possivelmente, na posição dele eu também fugiria, mas como líder carismático de uma revolução, o que ele fez foi mandar o povo como “carne para canhão” enquanto se esconde. Não foi líder.

A revolução “fecha” ao fim de semana…Mondlane não aproveitou o compasso estabelecido na passada quinta-feira, anunciou uma nova estratégia a partir de segunda-feira, entretanto, perdeu balanço. Vai tentar dobrar a parada segunda-feira para obter mais sangue?

Os dois lados são maus, e qualquer que seja o resultado, ver-se-á que Moçambique vai ficar pior.

Só uma transição através duma reforma acordada com a colaboração de forças reformistas da FRELIMO e elementos abertos da sociedade civil, sustentados por um consenso nacional poderá garantir a mudança necessária. Tudo o resto será sangue e lágrimas que só beneficiará países terceiros e interesses obscuros.