África é o continente com a população mais jovem e de crescimento mais rápido do mundo: a idade média actual é de cerca de 19 anos e prevê-se que a população represente 23% da força de trabalho mundial até 2050.

 Como tal, a tarefa de proporcionar educação de qualidade e oportunidades a milhões de jovens africanos é primordial. Já existem dezenas de instituições de ensino superior nos países africanos que estão a dar resposta à crescente procura por parte desta população em crescimento.

Verifica-se também uma tendência notável de estudantes africanos que procuram o ensino superior no estrangeiro, em países que não os seus, quer no continente quer noutras partes do mundo. Entre 2000 e 2022, registou-se um aumento consistente do número de estudantes que frequentam o ensino superior (licenciaturas e cursos avançados) em países estrangeiros.

O ano de 2020 registou um máximo histórico de mais de 624 271 estudantes no estrangeiro, um aumento de 41% em relação aos 441 438 de 2010 e de 122% em relação aos 281 522 de 2000.

Embora uma parte significativa deste crescimento possa ser atribuída a estudantes que estudam fora de África, também se tem verificado uma tendência crescente de mobilidade estudantil intra-africana para prosseguir estudos superiores. De facto, países africanos como os Camarões, a Costa do Marfim, o Gana, o Quénia, Marrocos, a Nigéria, o Ruanda, o Senegal, a África do Sul, que acolhe mais de 30 500 estudantes internacionais africanos, a Tanzânia e o Zimbabué emergiram como as novas zonas quentes para muitos estudantes africanos, tal como salienta um novo relatório de 2023 elaborado por uma agência governamental francesa, Campus France.

Para além do continente africano, a França é o destino mais popular para os africanos que procuram ensino superior no estrangeiro. Em 2020, a França acolheu cerca de 126.000 estudantes africanos. A China vem em segundo lugar com cerca de 81 500 estudantes, enquanto os Estados Unidos aparecem em terceiro com aproximadamente 48 000 estudantes africanos.

Outros países entre os vinte principais destinos dos estudantes africanos fora do continente incluem a Alemanha, o Reino Unido, os Emirados Árabes Unidos, o Canadá, a Turquia, a Ucrânia, a Arábia Saudita, Portugal, a Malásia, a Rússia, a Índia, a Austrália, a Bélgica, Cuba, o Brasil, a Itália e a Espanha. Parece haver uma mudança nas escolhas de ensino superior dos estudantes africanos para uma variedade de economias emergentes e potências médias como a Turquia, os EAU e a Malásia, entre outras, para além das antigas potências coloniais como a Bélgica, Portugal ou o Reino Unido.

Investir no futuro de África exige equipar a juventude africana com as ferramentas e competências necessárias para contribuir efetivamente para as economias do século XXI. Numa era de intensificação da concorrência entre grandes potências, a capacidade dos parceiros africanos para satisfazerem esta procura crescente de ensino superior pode posicioná-los estrategicamente.

Satisfazer esta procura demonstrará um interesse em investir no futuro de África, quer aumentando a disponibilidade e a competitividade das instituições terciárias locais no continente, quer alargando a facilidade de acesso ao ensino superior no estrangeiro, nomeadamente através da redução das restrições em matéria de vistos e do aumento do apoio financeiro aos futuros estudantes.