O Grupo do Banco Mundial, em parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), tem como objetivo proporcionar o acesso à eletricidade a pelo menos 300 milhões de pessoas em África até 2030.

A instituição sediada em Washington DC trabalhará para ligar 250 milhões de pessoas à eletricidade através de sistemas de energias renováveis, enquanto o BAD apoiará 50 milhões de pessoas, mas o projeto exigirá um investimento substancial.

Estima-se que serão necessários 30 mil milhões de dólares de investimento do sector público para levar a cabo o ambicioso projeto. A Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), um ramo do Banco Mundial que concede financiamento aos países em desenvolvimento com baixos rendimentos, deverá disponibilizar 20 mil milhões de dólares para o projeto, devendo os restantes 10 mil milhões provir de outros fundos públicos.

O Banco Mundial espera também que o sector privado contribua para os esforços de financiamento. Além disso, o Banco insiste que os governos africanos terão de implementar políticas que atraiam o investimento privado e reformar os seus serviços públicos.

De acordo com o Banco Mundial, a ligação de 250 milhões de pessoas à eletricidade abriria oportunidades de investimento do sector privado só nas energias renováveis distribuídas (ERD) no valor de 9 mil milhões de dólares. Os defensores dizem que a ERD pode ser facilmente instalada, é fiável e funciona independentemente das redes elétricas nacionais, o que a torna particularmente útil em áreas remotas.

O défice de eletricidade em África

Atualmente, 600 milhões de pessoas em África não têm acesso à eletricidade, cerca de metade dos 1,2 mil milhões de habitantes africanos, o que cria obstáculos aos cuidados de saúde, à educação, à inclusão digital e à criação de emprego.

O acesso à eletricidade é fundamental para qualquer esforço de desenvolvimento bem sucedido, defende o Banco Mundial.

“O acesso à eletricidade é a base de todo o desenvolvimento. É um ingrediente fundamental para o crescimento económico e essencial para a criação de emprego em grande escala. A nossa aspiração só será concretizada com parceria e ambição. Vamos precisar da ação política dos governos, do financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento e do investimento do sector privado para concretizar este objetivo”, afirmou Ajay Banga, presidente do Grupo Banco Mundial.

No entanto, os defensores do clima da Campanha Big Shift, que estão a organizar protestos em frente aos escritórios do Banco Mundial durante as reuniões da primavera da instituição, argumentam que não existe um roteiro pormenorizado sobre a forma como este objetivo pode ser alcançado em África em seis anos.

Os especialistas têm dúvidas sobre a iniciativa, nomeadamente sobre a forma como será implementada e financiada e como será diferente das iniciativas existentes.