O Presidente francês Emmanuel Macron deu as boas-vindas ao Presidente nigeriano Bola Tinubu em Paris, marcando a primeira visita de Estado de um líder nigeriano ao país em mais de duas décadas, numa altura em que a França procura orientar-se para a África anglófona, depois de ter sido recentemente expulsa de várias das suas antigas colónias lideradas por juntas- como o Mali e o Níger.

Na última década, Paris tem cortejado as maiores economias não francófonas do continente, incluindo a África do Sul, a Etiópia e o Quénia. Macron fez a sua primeira visita oficial à África do Sul em 2021 e, em 2019, fez a primeira visita de um presidente francês ao Quénia desde a sua independência da Grã-Bretanha em 1963.

Em 28 de novembro, tanto o Chade como o Senegal – historicamente fortes aliados franceses – anunciaram a sua intenção de rescindir os acordos de cooperação militar com a França.

O líder senegalês Diomaye Faye partilha as mesmas opiniões que os países golpistas do Sahel, sobre a França. Por isso, foi encarregado de negociar o regresso dos três países ao bloco regional da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. Durante a sua campanha eleitoral, em março, Faye também se comprometeu a lutar contra o “estrangulamento económico” da França no país.

Tinubu, um presidente impopular que lidava com uma economia em queda livre, assinou um acordo crítico sobre minerais com a França, para grande ira de muitos nigerianos, que sentiam que os franceses tinham um mau historial quando se tratava de oferecer acordos justos às nações africanas, apesar de Paris ter sido durante muito tempo um parceiro comercial fundamental. Nos últimos meses, muitas empresas internacionais abandonaram a Nigéria devido à desvalorização da sua moeda, deixando Tinubu desesperado por investimento estrangeiro.

A reação foi tal que o conselheiro especial de Tinubu, Sunday Dare, foi obrigado a esclarecer, que a França não estava a apoderar-se da riqueza mineral do país.

O acordo inclui um investimento de 315,8 milhões de dólares para impulsionar as infra-estruturas e a parceria na agricultura. Durante a visita de Tinubu a Paris, os bancos nigerianos Zenith e United Bank for Africa também assinaram acordos para operar na capital francesa.

Macron pode conseguir seduzir os líderes africanos de língua inglesa, mas a opinião pública africana é outra história. A França é amplamente vista como um ‘cálice envenenado’ e é provável que alimente a animosidade contra qualquer líder africano eleito que procure uma parceria abertamente pública.

Nas eleições presidenciais da Nigéria – a próxima das quais terá lugar em 2027 – os estados do Norte têm o voto decisivo. Estes estados têm muito em comum com o vizinho Níger. A probabilidade de Tinubu conseguir um segundo mandato tornou-se precária, e uma parceria com a França não o ajudará nas urnas.