A presidência de Donald Trump nos Estados Unidos pode afetar Angola e outros países africanos em termos de retorno aos mercados financeiros, desvalorização da moeda local e também poderá ter impactos no comércio regional e na exploração de petróleo e gás. Segundo a consultora Capital Economics, a vitória de Trump e as suas promessas de aumento das tarifas norte-americanas levantaram preocupações sobre o fortalecimento do dólar, a desvalorização das moedas locais e as dificuldades para os países africanos voltarem aos mercados financeiros.

No caso de Angola, o kwanza tem enfrentado pressões há algum tempo, com o governo a alertar sobre o custo de servir a dívida e financiar a despesa pública corrente.

Neste cenário, os países da região podem depender de instituições como o FMI ou o Banco Mundial para evitar um incumprimento soberano, caso o financiamento nos mercados internacionais fique mais difícil. Além disso, as promessas de Trump em impor tarifas às importações levantaram receios sobre o impacto no comércio regional.

A política em relação à exploração de petróleo e gás também preocupa os países exportadores, como Nigéria, Angola e Guiné Equatorial, devido ao potencial recuo nos regulamentos impostos pelo Presidente Joe Biden, o que poderia aumentar a oferta global e pressionar as moedas nacionais e as contas públicas desses países.

No entanto, nem tudo são más notícias para Angola. Com esta nova política dos Estados Unidos, de procurar diminuir a influência chinesa na região, iniciativas como o corredor do Lobito, podem ser benéficas para o país. Esta iniciativa, lançada sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7, é vista como uma oportunidade para fortalecer os laços entre os Estados Unidos e Angola, trazendo potenciais benefícios económicos, redução de emissões atmosféricas e criação de novos postos de trabalho.