O porta-voz do Presidente da República anunciou que João Lourenço iria em viagem privada aos Emirados Árabes Unidos (onde está o Dubai).

E mais não disse. Desastre mediático.

Esta deslocação coincide com a cimeira África-China em Beijing onde se tinha anteriormente anunciado que o Presidente da República estaria (e anunciado com pompa). João Lourenço pode ter razões para não ir à China (até achamos que tem motivos políticos para não ir). O que não pode é deixar de ir sem um esclarecimento à opinião pública, deixando a produtiva máquina de boataria de Luanda em frenesim acelerado.

Como se isto não bastasse, a mesma máquina de boataria apressou-se a dizer coisas diferentes, mas que se espalharam como fogo em mato seco. Que Lourenço se ia encontrar com Manuel Vicente, que ia fazer um acordo com Isabel dos Santos e ainda que ia a uma consulta médica, uma vez que estava doente com gravidade.

Valeu tudo.

O problema é que não se pode culpar apenas os boateiros. A Presidência não informa. Não desmente, não confirma, não faz nada, limita-se a ficar em silêncio.

O silêncio nesta época de frenesim digital é a morte do artista. As versões falsas passam a ser verdadeiras e uma simples viagem privada do Presidente é transformada em tudo e o seu contrário.

No final, a culpa é da comunicação do Palácio. Tem fugas internas, deixa tudo acontecer. Não se rala.