A negociata à volta da desgraça dos outros já faz parte da natureza do Ser Humano, e Angola não é exceção. Contudo, não podemos deixar de lamentar que o negócio das minas, que tanto sofrimento trouxe durante e no pós-guerra, também faça parte de esquemas, que muitas vezes, mais não são que um procedimento para se sobreviver.

O problema da venda de minas e explosivos em Angola por cidadãos que os coletam para fins comerciais, é uma evidência que não se pode negar; mas mais não é do que uma maneira que o cidadão angolano encontrou para poder se sustentar. Vários angolanos recolhem minas e bombas deixadas por várias zona do país durante a guerra civil para as vender nas lojas de sucatas.

De acordo com o especialista Fernando Catiavala, do Centro Nacional de Desminagem na Huíla, a busca por material ferroso tem aumentado o risco de acidentes com minas, incluindo em centros urbanos do país.

Apesar de algumas províncias como Cuanza-Norte, Huambo, Malanje, Uíge e Zaire serem consideradas livres de minas, aguardando apenas a certificação, outras regiões como Cuando Cubango, Moxico, Bié e as Lundas ainda apresentam suspeitas de presença de minas. O ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, afirma que a escassez de financiamento faz com que a estratégia de desminagem siga priorizando áreas como energia, água, construção e agricultura.

Segundo o relatório Landamine Monitor 2023, Angola deverá falhar por pelo menos três anos o prazo previsto para limpar todo o território de minas antipessoal até dezembro de 2025. Em 2022, o país limpou apenas 5,87 quilómetros quadrados e destruiu 3.342 engenhos explosivos, muito abaixo da meta de 17 quilómetros quadrados de libertação anual de terras.

Países como Inglaterra, Estados Unidos e Japão têm apoiado o programa de desminagem em Angola. No entanto, a falta de recursos financeiros continua a ser um desafio para a conclusão dessa tarefa dentro do prazo estabelecido. As campanhas de educação e prevenção de riscos com minas nas comunidades também permanecem como prioridade diante desta escassez de fundos.