A discussão pública do pacote de leis eleitoral tem sido um desastre para o MPLA. E o desastre não resulta do facto da proposta ser má. Até é boa e tecnicamente apurada. O único problema é que exige uma maior organização da UNITA, que como se sabe é desorganizada, mas isso é um problema da UNITA e não do MPLA.

Sendo uma proposta tecnicamente boa, o certo é que a proposta do MPLA está a perder a batalha da opinião pública. E é uma derrota avassaladora.

Essa derrota deriva do medo do MPLA. Não defende a sua proposta.

Apenas surgiu sozinho o ministro Adão de Almeida, numa boa prestação televisiva, que foi imediatamente sufocada nas redes sociais. Quando se esperava que o MPLA saísse a suportar o ministro e as suas ideias, ouviu-se o silêncio, apenas vagamente interrompido pelo João de Almeida. De resto, o MPLA aguarda em silêncio.

Dias depois, na RTP África, mais uma vez, depois de ter confirmado a presença num programa sobre o tema eleitoral, o MPLA faltou de novo. Entregou-se nas mãos dum apresentador que queria levar todo o mundo para as ruas contestar o governo, e deixou criar mais uma narrativa contrária à lei.

E isso acontece todos os dias. Apenas surgem as opiniões contrárias à lei, solidifica-se a ideia que o povo é contra a lei, mesmo que não seja. As poucas vozes independentes têm dificuldade em se fazer ouvir. As do MPLA não se ouvem.

O MPLA está à espera de quê? Que as Forças Armadas e de Segurança lhe garantam o poder? Acha que não necessita que convencer o povo? Que não tem de lutar pelas suas ideias? Ou não tem já ânimo?

Não se percebe o que se passa com a comunicação e informação política do MPLA. Parece não existir.