Como era de esperar a Assembleia Nacional chumbou a proposta da UNITA de destituição do Presidente da República João Lourenço. Esta proposta contou com a rejeição de 123 deputados do MPLA e do Partido Humanista e a abstenção por parte do grupo misto PRS e FNLA.
A proposta de impeachment que se efectuou em sessão plenária no parlamento angolano, decorreu à porta fechada num ambiente marcado por muita tensão e polémica. O processo de destituição subscrito por 90 deputados do principal partido da oposição, acabou por não ter a votação da UNITA, pois os parlamentares presentes deste partido defendiam que a sessão plenária deveria ter sido pública e com transmissão em direto. Adalberto da Costa Júnior (ACJ) afirmou mesmo que “uma reunião destas em que o interesse público é total, o MPLA optou por fazer à porta fechada, provou que tem medo do povo e do debate democrático”.
Além disso, as bancadas parlamentares dos dois principais partidos discordaram sobre o método de votação. Enquanto que o partido do governo defendeu que a votação deveria ser feita através do método do “braço levantado”, o que acabou por prevalecer, os deputados da UNITA advogavam o método do voto secreto.
Esta situação acabou por levar ao abandono da UNITA da sessão parlamentar, tendo gerado um grande mal-estar entre os presentes, havendo mesmo da parte do partido do Galo Negro bastantes protestos. Muitos dos presentes reclamaram que todo este processo esteve inquinado desde o início. ACJ chegou mesmo a acusar o MPLA de ter violado o Regimento da Assembleia Nacional para impedir que houvesse debate sobre a proposta de destituição do Presidente da República.
Já Manuel Dembo, primeiro Secretário de Mesa da Assembleia Nacional, considerou ter havido falta de ética parlamentar dos deputados da UNITA, realçando que estes têm deveres e obrigações a cumprir e não apenas direitos.
Por seu lado, o MPLA alega que todo este processo desencadeado pelo principal partido da oposição sempre esteve repleto de ilegalidades, e que o interesse fundamental da UNITA foi sempre desestabilizar a governação de João Lourenço, todavia este episódio não vai perturbar em nada a abertura do novo ano parlamentar.