Angola foi sempre a montra da China em África. O que corresse bem em Angola em relação à China, era uma demonstração ao mundo da bondade da presença chinesa no continente-berço.
Por isso, quando se começou a ver a aproximação angolana aos EUA e as repetidas ligações reais entre a corrupção angolana e o dinheiro chinês, qualquer observador atento esperaria uma reacção chinesa.
Demorou, mas essa reacção chinesa, ou melhor, contra-ataque chinês já começou. E começou aquando da visita de João Lourenço a Pequim, onde as suas “orelhas” foram bem puxadas pela liderança chinesa, que se encarregou de anunciar publicamente que o tinha feito.
O aperto chinês, levou Lourenço a ser mais cauteloso no seu apoio à Ucrânia e a voltar a abrir o país aos investimentos chineses. Agora temos mais um anúncio megalómano chinês, segundo o qual um grupo chinês vai construir a primeira autoestrada de Angola, com cerca de 1.400 quilómetros, a ligar o sul ao norte do país, esperando-se o início da construção efectiva da obra no final de 2025 ou em 2026, com as obras estimadas em 2,5 mil milhões de dólares.
Ao mesmo tempo, a construção da refinaria do Soyo, que primeiro tinha sido entregue aos chineses, e depois aos americanos, que falharam os seus compromissos, certamente voltará aos chineses.
E este é um problema americano em África. Prometem muito e dão pouco, fazem demasiado marketing, anunciam investimentos que não se concretizam ou surgem com demasiadas condições, por isso, perdem influência e abrem caminho à China, de novo.
Assim sendo, voltamos a ter uma ditadura electrónica que não respeita os povos, que promove a corrupção, a ter influência em Angola, quando se tinha alguma esperança de evolução de Angola no sentido de um Estado de Direito com uma Economia de Mercado. Não saímos da dependência.
Neste contexto, os anúncios estranhos acerca da construção de bases americanas em Angola, mais parece uma desinformação chinesa para restringir os EUA, do que uma realidade. Veremos.
O certo é que Angola é de novo o palco da luta entre as super-potências e os EUA, depois duma re-entrada fulgurante, começam a perder terreno face ao contra-ataque chinês.