Nos últimos dez anos, o sistema financeiro angolano enfrentou uma série de desafios que culminaram no encerramento de sete bancos comerciais, refletindo uma crise profunda no scetor bancário do país.
Entre os bancos que cessaram operações destacam-se o BAI Micro Finanças (BMF) e o Banco Prestígio (BPG), encerrados em 2022, bem como o Banco Kwanza Invest (BKI) e o Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), que fecharam em 2021. Em 2019, o Banco Postal e o BancoMais também viram suas licenças revogadas devido à insuficiência de fundos próprios regulamentares e ao incumprimento dos mínimos de capital social. Mais recentemente, o banco de origem russa VTB África decidiu encerrar suas atividades em Angola, elevando para sete o número de bancos que fecharam na última década.
Em contraste, instituições como o Banco de Poupança e Crédito (BPC) e o Banco Económico foram mantidas operacionais graças à intervenção estatal, sendo consideradas “grandes demais para falir”. Para salvar o BPC, foi criada em 2016 a Recredit, uma entidade destinada a gerir os ativos tóxicos do banco. No entanto, até dezembro de 2023, a Recredit conseguiu recuperar apenas cerca de 6% da carteira de crédito malparado adquirida ao BPC, equivalente a 77,5 mil milhões de kwanzas de um total de 1,2 biliões de kwanzas.
O processo de recapitalização e reestruturação do BPC, que vigorou entre 2020 e 2023, teve um custo estimado de 1,5 biliões de kwanzas para os contribuintes. Apesar dos esforços, o banco ainda enfrenta desafios significativos, com prejuízos acumulados e reservas negativas.
O Banco Económico, por sua vez, permanece em situação de falência técnica há seis anos, mesmo após várias injeções de capital por parte do Estado angolano. O Banco Nacional de Angola (BNA) está a considerar a implementação de um modelo de “banco bom” e “banco mau”, semelhante ao aplicado em Portugal com o Banco Espírito Santo, para tentar resolver a situação do Banco Económico.
Estas situações evidenciam a necessidade urgente de reformas estruturais no sistema financeiro angolano, visando garantir maior estabilidade, transparência e confiança no sector bancário do país.