Já sabemos de longa data que uma das grandes dificuldades que os economistas e outros especialistas se deparam, é quando procuram fazer futurologia. São recorrentes as correções que são feitas a meio do percurso, seja por imponderáveis externos ou internos, e isso com efeito, acaba por ser natural.
No caso de Angola, um dos números que tem gerado maior contenda entre as várias instituições é o da taxa de inflação. O Governo quando apresentou o relatório do OGE 2024 previu uma taxa de inflação de 15,3 % para o próximo ano.
Contudo, de acordo com a última previsão apresentada pelo Standard Bank de Angola (SBA) a inflação do país deverá ficar acima dos 20 % no ano de 2024. O SBA entende que um dos grandes problemas do país é o elevado serviço de dívida do Estado, que consome 85% da receita em 2023 e 97 % em 2024.
Por seu lado, o Fundo Monetário Internacional (FMI), também prevê um cenário bem mais pessimista que o Governo, apontando agora para uma inflação anual de 18,8% no final de 2023, contra a previsão inicial de 12,3% do seu relatório de Março. Já em 2024 a inflação atingirá um patamar acima dos 25 % devido ao eventual aumento dos preços dos combustíveis assumidos pelo Governo, que tem a intenção de acabar com a subsidiação dos combustíveis até ao fim de 2025.
O BFA vai mais longe e prevê que a taxa de inflação atinja os 20% já este ano, caso o kwanza não siga um caminho de recuperação e não haja uma política monetária mais rígida.
Não é de estranhar que as previsões mais otimistas estejam do lado do Governo. O que surpreenderia era se fosse o contrário. Porém, não nos pode deixar de causar alguma estranheza o facto de as previsões serem tão díspares. No final das contas, o que este cenário económico vislumbrado por estas instituições é que a incerteza vai continuar a pairar em Angola.