O Presidente Mohamed Bazoum encontra-se detido na sua residência oficial. Com fronteiras bloqueadas, recolher obrigatório e um caos absoluto instalado, o Níger, está com todos os ingredientes para um golpe de Estado, após a tomada do poder por um grupo de militares golpistas em Niamey, a capital do país.

Reunidos sob o nome de Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), anunciaram na televisão nacional o fim da era do Presidente Mohamed Bazoum, eleito democraticamente em 2021. O chefe de Estado está detido na sua residência oficial desde a manhã de quarta-feira.

Recolher obrigatório e fronteiras fechadas

Decidimos pôr fim ao regime que conhecem”, disse o coronel Major Amadou Abdramane, ladeado por outros nove soldados uniformizados. Isto vem na sequência da deterioração contínua da situação de segurança e da má governação económica e social”. Na quarta-feira, um dia de tensão já tinha abalado a capital do Níger, com soldados da guarda presidencial a negociarem com Mohammed Bazoum numa tentativa de encontrar uma solução, sem que a natureza das conversações fosse conhecida. Na altura, o regime no poder limitou-se a descrever o incidente como uma “mudança de humor”.

Por fim, depois de anunciarem a tomada do poder pela televisão, os golpistas afirmaram o “apego” do CNSP ao “respeito por todos os compromissos assumidos pelo Níger”. Os militares prometeram igualmente aos parceiros estrangeiros “o respeito pela integridade física e moral das autoridades depostas, em conformidade com os princípios dos direitos humanos”. O CNSP tomou medidas, fechando as fronteiras aéreas e terrestres “até à estabilização da situação” e decretando o recolher obrigatório todas as noites, das 22h às 5h. Em Niamey, uma manifestação pró-Mohamed Bazoum foi dispersada pela guarda presidencial, que não hesitou em disparar para o ar para afugentar os opositores.

Um pouco mais tarde, na noite de quarta-feira, o Presidente Bazoum, que se encontrava isolado na sua residência oficial, comentou a situação no Twitter, assegurando que as conquistas democráticas “duramente obtidas” seriam “salvaguardadas”. Segundo Hassoumi Massoudou, chefe interino da diplomacia e chefe de governo do Níger, Mohamed Bazoum está “de boa saúde”.

Níger, um dos parceiros da França no Sahel

Habituado a golpes de Estado e tentativas de golpe de Estado, o Níger, um vasto e empobrecido país desértico do Sahel, é uma das últimas potências da região próximas dos países ocidentais. Parceiro da França na luta contra o jihadismo na região, o país destacou 1500 soldados franceses. Num tweet, a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, reagiu deplorando “qualquer tentativa de tomada do poder pela força”. Os Estados Unidos e a ONU também condenaram veementemente o golpe de Estado.

Os golpistas militares tomaram o poder na quarta-feira à noite em Niamey, a capital do Níger.

O presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum, foi destituído à força.

O Níger é um parceiro importante da França e dos países ocidentais na região do Sahel.

Nos últimos anos, dois dos vizinhos do Níger, o Mali e o Burkina Faso, também sofreram golpes de Estado e são atualmente governados por juntas militares. Desde então, distanciaram-se dos países ocidentais, voltando-se para a Rússia.