A produção de petróleo em Angola caiu em 2023 face ao ano anterior. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG), a produção caiu 3,6% – para cerca de 400 milhões de barris em 2023. Já no que diz respeito às receitas petrolíferas, a queda foi muito mais evidente; estas baixaram 21,3 % em relação a 2022. Esta descida deve-se não só ao decréscimo da produção, como também é reflexo da descida do preço médio do barril de petróleo.
Com a divulgação dos dados, o gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) constatou que “o segundo semestre foi marcado por uma recuperação nos níveis de produção, sendo que no mês de julho foram atingidos máximos desde agosto de 2022”. Já em relação à produção dos primeiros seis meses, esta ficou 5% abaixo da produção média da segunda metade de 2023.
Para este ano, o BFA prevê que a tendência ligeira de aumento de produção se mantenha, superando mesmo a previsão indicada no Orçamento Geral do Estado de 1,06 milhões de barris, contudo, o panorama avizinha-se difícil para a economia petrolífera. Segundo o economista-chefe do BFA, José Miguel Cerdeira, a expansão deste sector andará entre a estagnação e o crescimento ligeiro, refletindo-se isso no total da economia que deverá crescer entre 1,9 % e 2,4 %.
Desta maneira, sendo Angola um dos países do mundo que mais depende das receitas petrolíferas, não existindo diversificação económica e sendo o PIB petrolífero aquele que financia todas as outras atividades (vale 95% das exportações e da entrada de divisas), não se compreende a razão para a saída do país da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Um ponto que alguns analistas já levantaram é que, caso Angola se tivesse mantido na OPEP, a sua produção estaria abaixo da quota, e não haveria necessidade de fazer qualquer corte. A saída do país desta organização ainda vai provocar muita discussão.