Angola registou um forte desinvestimento estrangeiro nos últimos 10 anos, com o stock de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) a cair 60%, passando de 32,3 mil milhões USD em 2015 para apenas 12,1 mil milhões USD em 2024. Este movimento representa uma saída líquida de 20,3 mil milhões USD, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA).
Como já tínhamos registado anteriormente, o sector petrolífero, que representa cerca de 95% do IDE em Angola, é o principal responsável por esta tendência negativa. O desinvestimento começou a acentuar-se a partir de 2014, quando a produção nacional de petróleo atingiu o pico de 1,661 milhões de barris diários. Desde então, a produção caiu para uma média de 1,128 milhões de barris por dia em 2024, uma redução de 533 mil barris diários, o que fragilizou a economia angolana e o Produto Interno Bruto (PIB).
Os dados do BNA mostram que os investimentos em novas acções de capital e de investimento caíram 56%, de 26 mil milhões USD em 2015 para 11,4 mil milhões USD em 2024. Mais grave ainda foi o colapso nos investimentos sob a forma de instrumentos de dívida – maioritariamente empréstimos de casas-mãe para subsidiárias – que caíram 90%, passando de 6,3 mil milhões USD para apenas 623,2 milhões USD.
Segundo o economista Heitor Carvalho, “o cenário é preocupante, mas era esperado”. A falta de investimento não-petrolífero e o declínio dos campos petrolíferos existentes criaram um ciclo de estagnação que dificilmente será revertido sem mudanças estruturais na economia.
Este desinvestimento estrangeiro reflecte não só o esgotamento do potencial petrolífero do país, mas também a falta de diversificação económica e de políticas atractivas para novos investimentos. Angola enfrenta assim o desafio de reconstruir a confiança dos investidores e estimular novos sectores para contrariar esta tendência de fuga de capitais.