De acordo com o relatório do Índice de Perceção da corrupção (IPC) recentemente divulgado, Angola subiu de ranking na melhoria do combate à corrupção, alcançando o lugar 121º, e obtendo 33 pontos, numa escala que vai dos 0 aos 100.
A ONG “Transparência Internacional”, responsável por esta análise, salienta na edição deste ano do IPC, que Angola obtém este resultado, em grande medida, devidos às ações de combate à corrupção que o executivo de João Lourenço tem levado a cabo, desde que chegou ao poder em 2018. “Angola finalizou uma estratégia anticorrupção para o período de 2018/2022, e estes esforços, juntamente com outras reformas judiciais conduziram a recuperação de 3,3 mil milhões de dólares em ativos pelo Fundo Soberano”, pode-se ler no relatório.
Refira-se que as investigações e ações penais levadas a cabo viabilizaram a recuperação de aproximadamente 7 mil milhões de dólares em ativos financeiros e tangíveis.
O país melhorou 14 pontos desde 2019, fixando-se no 121º lugar entre 180 países e territórios e, na região da África subsaariana, no 21º entre os 49 países considerados.
Esta é a face boa da moeda! Mas, todos sabemos que esta matéria de luta contra a corrupção tem várias nuances, enfrenta muitos obstáculos, e um sem número de ocasiões tem conhecido mais recuos que avanços, com pouca transparência.
Aliás, na recente visita do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o próprio elogiou o combate à corrupção que tem sido realizado pelo executivo do Presidente da República, mas também alertou que deveria ser dado mais espaço para a sociedade civil e a imprensa.
Também vários ativistas, ou vozes discordantes da oposição, de tempos a tempos, alertam para o pouco ou nenhum progresso na luta contra a corrupção. Fala-se muito, mas faz-se pouco. Por exemplo, o coordenador da ONG, Omunga, João Malavindele, numa entrevista esta semana a um órgão de comunicação, apesar de reconhecer que o executivo desenvolveu alguns esforços relativamente a este flagelo da corrupção, também salienta que ela continua bem presente em Angola, apenas o que tem mudado é o modus operandi.
Algumas figuras centrais do passado, aparentemente estão a ser mais “espremidas” pelas autoridades judiciais, no entanto, a sociedade civil não pode deixar de manter uma pressão constante positiva sobre este assunto.
E não nos podemos esquecer que, em termos concretos, não sabemos quanto dinheiro foi recuperado, nem como este está a ser gasto.