O ex-presidente congolês Joseph Kabila apareceu pela primeira vez em público no território controlado pelos rebeldes, na região instável do leste do país, reunindo-se com líderes religiosos.
Kabila, que está fora do país desde 2023, é procurado no Congo por crimes contra a humanidade por apoiar a insurgência no leste, incluindo um papel no massacre de civis. O Congo também tomou medidas para suspender o seu partido político e confiscar os bens dos seus líderes.
O ex-presidente nega qualquer ligação com os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, que conquistaram mais território do que nunca desde janeiro. Ele vinha prometendo há semanas que voltaria ao país para ajudar a encontrar uma solução para o conflito.
O seu regresso pode complicar os planos de Washington para um acordo de paz entre o Congo e Ruanda. Massad Boulos, conselheiro sénior de Trump para a África, já havia mencionado que o acordo poderia ser assinado neste verão, acompanhado de acordos minerais que visam trazer biliões de dólares de investimento ocidental para a região.
O governo do presidente congolês Félix Tshisekedi, em Kinshasa, acusou Kabila de «posicionar-se como líder rebelde» ao lado do presidente ruandês Paul Kagame.
Kabila recebeu líderes religiosos na sua residência em Kinyogote, a oeste da cidade de Goma, disseram repórteres, que foram impedidos de filmar as discussões.
«O ex-presidente… chamou-nos para expressar o seu desejo de ver a paz regressar à parte oriental do país e a todo o país», disse Joel Amurani, presidente da Sinergia Inter-religiosa para a Paz e Mediação, um grupo religioso que participou na reunião.
Não está claro quanto tempo Kabila pretende permanecer no território controlado pelo M23.
As Nações Unidas e os governos ocidentais afirmam que o Ruanda forneceu armas e tropas ao M23. O Ruanda nega apoiar o M23 e afirma que as suas forças armadas agiram em legítima defesa contra o exército do Congo e uma milícia fundada pelos autores do genocídio de 1994.