Líderes juvenis de partidos da oposição e da sociedade civil uniram vozes, para denunciar aquilo que consideram uma crescente tendência do Governo angolano para impor “leis securitárias” com o objetivo de silenciar a juventude contestatária. Em conferência de imprensa conjunta, representantes da FNLA, PRS, Bloco Democrático e do Movimento dos Estudantes de Angola (MEA) acusaram o executivo de João Lourenço de recorrer à legislação para intimidar, em vez de resolver os problemas estruturais que afetam os jovens angolanos.

Entre as leis criticadas, destacam-se a do Vandalismo de Bens Públicos, a da Regulação das ONG, a da Segurança Nacional e a que combate a disseminação de informações falsas na internet. Estas normas, segundo os jovens, são ferramentas para controlar o descontentamento social, num contexto marcado pela degradação das condições de vida da população.

Os líderes juvenis alertam para o aumento do número de jovens sem acesso à educação, a escassez de oportunidades de emprego, a crise habitacional e o crescimento da criminalidade juvenil. Denunciam ainda a instrumentalização política da juventude pelo MPLA e a ausência de políticas públicas eficazes.

“O Governo fala pelos jovens, mas não os ouve”, lamentam, sublinhando o fracasso dos programas de desenvolvimento da juventude ao longo dos últimos 12 anos. As promessas ficaram no papel, afirmam, enquanto a fome, a pobreza e problemas como a cólera e os abusos contra a mulher se agravaram.

Apesar das críticas duras, os jovens dizem manter a esperança de que o executivo possa ainda construir uma “ponte” entre o discurso político e a ação concreta, em prol da juventude e do país.