O 10º aniversário da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) da China, o Fórum Cinturão e Rota arrancou na terça-feira passada em Pequim com a presença de representantes de mais de 130 países. Vários líderes africanos estão entre eles – incluindo o presidente do Quénia, William Ruto, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, o presidente do Congo Brazzaville, Denis Sassou N’guesso, e o vice-presidente da Nigéria, Kashima Shettima.

O presidente de Angola, o maior devedor africano da China não está presente. O que isto significa?

A resposta mais formal e neutra é que a relação entre Angola e a China é muito anterior- e não está englobada- à Iniciativa Cinturão e Rota. Esta começou em 2013, enquanto as relações fortes Angola-China datam de 2003, portanto, não teria sentido a presença de João Lourenço.

Pode ser que sim, pode ser que não.

É evidente que há um problema entre a China e Angola. O problema é o da dívida, dívida que sufoca o Orçamento Geral do Estado de Angola e as suas perspectivas de desenvolvimento, retirando recursos necessários para o desenvolvimento humano do país. E o pior é que já está comprovado que uma boa parte da divida à China foi mal-usada, ou usando linguagem simples, foi dinheiro roubado com a conivência das autoridades chinesas, cujos membros participaram em esquemas de desvios de fundos destinados a Angola.

Consequentemente, João Lourenço não ia fazer nada à China, e nada de relevante terá lá a fazer, enquanto, Pequim não assumir que é necessário renegociar de forma madura e a longo-prazo a dívida de Angola, que está, neste momento a funcionar como impedimento ao crescimento do país africano.