A revolução da inteligência artificial (IA) está a transformar economias globais, e África não pode ficar para trás. O continente tem uma oportunidade única de se tornar um ator relevante nesta era tecnológica, aproveitando o seu potencial humano e económico para impulsionar a criação de valor através da IA.

A IA não é apenas uma inovação tecnológica, mas um fator determinante para o crescimento e competitividade das nações. África enfrenta o risco de ver os seus sectores de outsourcing e serviços substituídos por soluções de IA estrangeiras, o que poderia agravar ainda mais as desigualdades económicas. Para evitar este cenário, é crucial que os países africanos assumam uma posição ativa na produção e desenvolvimento de tecnologias de IA.

Felizmente, a digitalização das economias africanas ocorre paralelamente à ascensão da IA. Exemplos como a Moniepoint, na Nigéria, que utiliza IA para oferecer serviços financeiros, e a Lelapa AI, na África do Sul, que permite interações em línguas africanas, demonstram como o continente pode inovar e adaptar-se.

A redução dos custos de desenvolvimento de IA em África é uma vantagem estratégica. Mão de obra qualificada a preços competitivos pode tornar o continente num polo de inovação. No entanto, isto exige um compromisso político e económico sólido. Os Governos devem reconhecer a IA como sector estratégico, investir em educação tecnológica, criar leis de proteção de dados e fortalecer infraestruturas como centros de dados e redes energéticas.

A soberania tecnológica de África dependerá da sua capacidade de agir com urgência. O futuro do continente não pode ser apenas o de consumidor de tecnologias externas, mas sim o de protagonista na construção do seu próprio destino digital.