Autor: Públio Cornélio
Cluedo é um jogo em que os jogadores fazem de inspectores para descobrir quem cometeu um crime através de várias pistas que vão sendo dadas.
Com a sua entrevista à revista Jeune Afrique, João Lourenço tornou todos os angolanos em Cluedos.
Todos vão começar a descobrir pistas que lhes permitam descobrir o sucessor que Lourenço tem em mente para a presidência, agora que ele afirmou que já tem uma ideia em mente. Mais nada vai interessar na política angolana do que encontrar o indicado por João Lourenço. Provavelmente, os feiticeiros que lêem mentes vão facturar milhões.
Francamente, tudo isto é mau, vai desestabilizar um sistema político ainda pouco institucionalizado, e ameaçará a estabilidade e integridade dos processos políticos.
Se João Lourenço não se queria candidatar a um terceiro mandato, mais valia abrir um processo electivo interno livre e justo no MPLA, em vez de recorrer ao velho “dedazo” de má memória no México.
O termo “dedazo” no México refere-se à prática em que um presidente em exercício escolhe a dedo o seu sucessor, sem um processo transparente ou democrático. Esta prática foi particularmente associada ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México durante grande parte do século XX. O termo em si deriva do gesto de apontar com um dedo, simbolizando a seleção.