A capital de Angola, apesar de frequentemente ser motivo do nosso orgulho, muitas vezes representa com maior visibilidade, aquilo que não corre bem na sociedade angolana. Infelizmente, são vários os motivos, que desencadeiam o mau funcionamento de alguns sectores.
O mercado imobiliário de Angola tem experimentado uma desvalorização significativa dos imóveis, especialmente nas centralidades de Luanda, onde o valor dos imóveis, originalmente indexado ao dólar, caiu para metade. Entre 2012 e 2016, o preço de venda dos imóveis quadruplicou em kwanzas, a moeda local, mas teve uma queda acentuada quando expresso em dólares.
Vários fatores contribuem para essa desvalorização, incluindo a situação económica do país, a degradação dos imóveis e a falta de manutenção dos espaços ao redor. Além disso, a falta de segurança e o não cumprimento da lei que obriga os moradores a contribuir com a taxa de condomínio também impactaram negativamente o valor dos imóveis.
Os imóveis das principais centralidades em Luanda, como Kilamba, Vida Pacífica e Cacuaco (Sequele), têm refletido essa desvalorização. Embora os preços dos imóveis em kwanzas tenham valorizado ao longo dos anos, quando convertidos em dólares, houve uma queda expressiva. Por exemplo, um apartamento T3 vendido por 70 mil USD na época, equivalente a 7 milhões Kz, agora está a ser vendido por 35 milhões Kz, representando uma desvalorização de 40% em termos de dólares. Situações semelhantes foram observadas em outras centralidades, onde os preços expressos em dólares caíram entre 53% e 58%.
Essas variações foram atribuídas à perda de poder de compra da população local, bem como à saída de muitos expatriados do país, reduzindo assim a procura pelos imóveis. Especialistas do sector imobiliário destacaram que quando a procura é inferior à oferta, os preços naturalmente diminuem. Essa situação tem levado muitos proprietários a venderem os seus imóveis, especialmente na centralidade do Kilamba. Fatores como a distância do centro de Luanda, necessidades financeiras e o estado de conservação dos imóveis foram citados como razões para as vendas, além da falta de interesse em pagar taxas adicionais além do aluguer.