A visita do Secretário de Estado norte americano, Anthony Blinken a vários países africanos, incluindo Angola, representou mais uma etapa dos Estados Unidos, no reforço do seu posicionamento no continente africano. Isto após terem passado vários anos de costas voltadas para África, sobretudo no período da presidência de Donald Trump.
Na audiência que Blinken manteve com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, foram debatidos vários temas, entre os quais, a prosperidade, alterações climáticas e segurança alimentar, bem como o projeto do corredor do Lobito (ligação ferroviária que atravessa Angola até à República Democrática do Congo (RDC), e que, como se sabe, conta com financiamento norte-americano.
As congratulações da parte do chefe da diplomacia norte-americana foi uma constante desta visita. Blinken rotulou Angola como “um parceiro confiável”, com quem foram também discutidas soluções para a paz no continente e investimentos em áreas como a saúde e as energias renováveis. Sobre as matérias dos conflitos latentes no continente africano, o secretário-geral elogiou o “papel essencial” do Presidente angolano na mediação do conflito entre a RDC e o Ruanda. Além disso, valorizou igualmente os esforços desencadeados pelo presidente angolano na criação de um melhor ambiente para os negócios, incluindo a luta anticorrupção.
A parceria estratégica que Angola e Estados Unidos estão a desenvolver, e que foi desenhada desde a Cimeira EUA-África que decorreu em Washington, parece ir ganhando uma sustentação obstinada por parte de ambas as lideranças, a angolana e a norte-americana.
Porém, há vários aspetos que o Estado angolano precisa ter em consideração no futuro, sobretudo dois pontos. Um diz respeito às eleições norte-americanas que irão ocorrer em Novembro deste ano. Caso Trump vença as eleições, muito provavelmente esta parceria estratégica irá sofrer um grande revés. O outro ponto, refere-se à célebre dívida de Angola à China. Segundo dados oficiais do Banco Nacional de Angola, a dívida pública situa-se atualmente nos 18,4 mil milhões de dólares. Assim, não se devem repetir os erros do passado recente, mas também não podemos ignorar aquele que tem sido um dos principais entraves para o desenvolvimento de um maior investimento estrangeiro. No plano internacional, a renegociação desta dívida à China deverá ser uma das prioridades do governo de Angola.
O rumo que o executivo de João Lourenço tem seguido, principalmente a partir do seu mandato, é de abrir várias “portas” nas relações internacionais, como foi o caso desta revitalização da parceria com os EUA. Recordamos que durante o período da guerra civil de Angola, os norte americanos estiveram alinhados com a UNITA, num quadro estratégico da Guerra Fria. Enquanto que o MPLA seguia uma linha de orientação marxista nacionalista, estando alinhado com a ex-União Soviética.