Autor: Públio Cornélio
O adiamento da viagem de Biden a Angola nada teve a ver com a política externa americana, nem com Angola. Foi uma pura questão doméstica decidida devido à proximidade das eleições americanas.
O facto do furacão Milton poder devastar a Flórida poucas semanas antes da eleição americana, levou o presidente Biden e a vice-presidente Kamala Harris a aproveitarem os preparativos relativos à tempestade para tentar restaurar a confiança pública nos esforços de recuperação de desastres do governo e contraporem-se ao seu oponente republicano, o ex-presidente Trump. Foi tudo um teatro para consumo interno em período pré-eleitoral.
O próprio anúncio seco (e quase malcriado) do adiamento da viagem, foi propositado para dar uma impressão aos eleitores americanos. A América está sempre primeiro. O estrangeiro é secundário.
Tudo isto, a encenação de Biden no comando da resposta ao furacão, o eventual exagero na violência do furacão, o adiamento da viagem à Alemanha e Angola, foi tudo uma estratégia de marketing político para reunir as hostes populares e ganhar votos nas eleições.
Angola, o governo e o povo, devem perceber isso. Os Americanos podem ser um bom parceiro, mas colocam sempre o seu interesse acima de tudo, e vivem períodos eleitorais muito curtos e muito intensos, portanto, há que fazer uma aproximação substantiva aos EUA, mas não se fiar nas conversas de Marketing amigável. Caso contrário, apenas restará a desilusão e frustração.
Nos EUA, a política é sempre local. É preciso não esquecer.