A situação está a agravar-se na região de Amhara, no norte da Etiópia, com relatos de que uma milícia Amhara tomou o controlo de várias cidades às forças federais.

Esta violência ocorre apenas nove meses após a entrada em vigor de uma trégua na região de Tigray, no norte da Etiópia, que pôs termo a dois anos de conflitos sangrentos entre as forças governamentais e as Forças de Defesa de Tigray. Apesar de representarem apenas 7% da população da Etiópia, os Tigray dominaram a política etíope durante décadas até que o atual primeiro-ministro Abiy Ahmed, do grupo étnico Oromo, chegou ao poder em 2018.

Após esse conflito, Adis Abeba apelou ao desmantelamento de todas as forças regionais, na esperança de as integrar no exército nacional. Mas os nacionalistas Amhara, que há muito se sentem isolados da política nacional, opuseram-se a esta medida e pegaram em armas.

Os confrontos mortais entre as forças governamentais e os nacionalistas de Amhara levaram o governo central a declarar o estado de emergência nos últimos dias, dando às suas forças o poder de efetuar rusgas e deter pessoas sem ordem judicial, bem como de impor o recolher obrigatório e proibir reuniões públicas. Entretanto, os combatentes Amhara terão saqueado gabinetes governamentais e invadido prisões.

A Etiópia, governada por uma junta militar até 1991, está profundamente fragmentada e é constituída por mais de 90 grupos étnicos, muitos dos quais se têm sentido tradicionalmente excluídos do poder político.

Sendo o segundo país mais populoso de África, a instabilidade na Etiópia pode ter um impacto desestabilizador em todo o Corno de África. Foi o que aconteceu em Tigray nos últimos anos, com centenas de milhares de refugiados forçados a fugir para países vizinhos.

Os EUA, por seu lado, avisaram Abiy para controlar a situação antes que as coisas se deteriorem ainda mais. No entanto, num país onde abundam os conflitos étnicos, parece mais provável que a situação em Amhara se agrave a curto prazo.