Não se percebe as razões pelas quais a PGR continua de braços cruzados à espera que o Dubai actue em relação a Isabel dos Santos, e a diplomacia angolana não age para denunciar este paraíso de malfeitores. A verdade é que o Dubai não é só o refúgio de Isabel dos Santos, é um estado-pirata que acolhe todos os ladrões ricos do mundo, e por isso, há que agir.

Por exemplo, um líder de um cartel internacional apelidado de “Escobar Europeu” agora está a viver livremente em Dubai, onde montou uma empresa para empregar vários de seus supostos subordinados.

Apesar de ter sido condenado por tribunais holandeses por tráfico de narcóticos, Edin “Tito” Gacanin refugiou-se no Dubai que se tornou um ponto de refúgio para criminosos e sonegadores de sanções devido aos seus tratados de extradição irregulares e ao sistema financeiro obscuro, segundo afirma a coligação internacional de jornalistas ICIJ.

Os EUA acusaram Gacanin, um portador de passaporte holandês e nativo de Sarajevo, de ser um dos 50 maiores traficantes de drogas do mundo. E ainda assim nenhuma autoridade nos Emirados Árabes Unidos se opôs às suas acções no país.

Em Novembro de 2022, Gacanin foi preso no Dubai a pedido da Holanda, mas evitou a extradição — mesmo depois de ter sido condenado à revelia a sete anos de prisão — supostamente devido a um erro administrativo.

Agora, ele é um dos vários chefes de cartéis acusados ​​em liberdade nos Emirados Árabes Unidos, tal como o seu associado de longa data Daniel Kinahan, o líder da gangue mortal Kinahan da Irlanda.

Portanto, bem se vê que a questão de Isabel dos Santos não é um problema de Angola, é um problema do Dubai que se está a transformar no paraíso da grande criminalidade organizada mundial. Por isso, a estratégia de Angola não pode ser meramente processual e legal. Tem de ser política e diplomática para convidar o Dubai a entrar no concerto das nações mundiais que cumprem a lei.