Os anúncios de políticas correctas têm abundado durante o mandato de João Lourenço. Comecemos por lembrar o combate à corrupção, a privatização parcial da Sonangol, ou medidas de detalhe como o site da PGR acerca dos activos recuperados ou ainda agora as medidas anunciadas por Lima Massano referente às isenções de vistos. Tudo boas ideias, que merecem um apoio consensual da comunidade internacional.
Todavia, nenhuma destas ideias tem uma concretização plena. Na prática, algumas são adiadas, outras baralhadas e outras esquecidas.
Centremo-nos nos dois exemplos mais recentes: o site da PGR sobre os activos recuperados e a isenção de vistos.
O site foi anunciado em Maio passado, dois meses decorridos e nada há sobre o tema, apenas silêncio. Aliás, nem se voltou a falar no tema.
Quanto à isenção de vistos, o ministro aponta para o início da implementação em Outubro de 2023; não se percebe para que são precisos dois meses para iniciar um projecto, sendo certo que a implementação pode durar 10 anos ou para sempre…ou a medida ser esquecida.
Existem muitos factores que podem dificultar esta passagem da teoria à prática, como a complexidade da realidade, a resistência às mudanças, a falta de recursos ou de apoio, a insegurança ou o medo de errar. Todos se parecem conjugar na realidade política angolana: um atavismo enorme e peso das estruturas, o medo de errar, a dependência de um chefe único, que obviamente não tem tempo para tratar de tudo.
Há que tentar superar essas dificuldades. A melhor forma é deixar de falar à toa e construir um saber profissional, que parta da investigação sobre a prática para dar sentido à teoria. Isso implica desenvolver uma atitude de investigação, que permite confrontar teoria e prática, e construir um saber teórico sobre a prática. Falta estudo e investigação em Angola. Um outro aspecto é incutir um senso de urgência na execução das decisões.
Em resumo, estudem-se bem os assuntos e uma vez decididos, exista determinação na aplicação prática.