A situação da dívida pública em Angola é preocupante. O país destina a maior parte da sua receita fiscal para pagar dívidas, uma percentagem de cerca de dois terços, o que é a mais alta do mundo. De acordo com um relatório da Organização Não Governamental ‘Debt Justice’ que analisou 84 países, Angola vai destinar 66,4% de sua receita fiscal para pagamentos de dívida neste ano, um aumento em relação aos 64,7% pagos no ano anterior.

Este relatório também destaca que a Guiné-Bissau está entre os países que enfrentam dificuldades no pagamento da dívida, com percentagens muito menores em comparação com Angola, sendo de 23,7% e 21,5% do total de receita fiscal em 2024 e 2025, respetivamente. Embora não tenham sido fornecidos valores concretos sobre o volume da dívida de Angola, a agência de notação financeira Fitch Ratings estimou que o país terá que pagar quase seis mil milhões de euros este ano.

Prevê-se que Angola tenha que desembolsar 6,2 mil milhões de dólares em 2025 e 5,4 mil milhões de dólares em 2026, o que representará uma percentagem significativa de seu Produto Interno Bruto (5,2% e 4,2%, respetivamente). A ONG Debt Justice defende um perdão de dívida por parte dos credores, a fim de permitir que economias como Angola financiem o seu desenvolvimento de forma mais sustentável. O relatório destaca também que os países de baixo rendimento, em geral, destinaram em média 15% de suas receitas para pagamentos de dívida externa no ano passado, e esse valor vai-se manter em torno de 14% este ano.

Diante deste quadro, a questão da dívida pública no país é alarmante. É urgente serem tomadas medidas para aliviar o fardo dos pagamentos e permitir que o país possa direcionar os seus recursos para o desenvolvimento económico e social de maneira mais eficaz e sustentável.