“A inflação em Angola acelerou para 21,99% em janeiro, o valor mais elevado em 18 meses e que representa um acréscimo de 9,44 pontos percentuais face ao mês homólogo, segundo o Instituto Nacional de Estatística angolano”.
Nestas colunas, escrevemos muito sobre a inflação, porque nos parece um tema que pode deitar abaixo um governo que não cuida dos preços, e demonstra o logro que foi a política monetária do ministro Massano quando foi governador do banco central.
A persistência da inflação destrói a credibilidade do governo e torna a vida das pessoas cada vez pior. Ignorar esse efeito, é ignorar um barril de pólvora pronto a explodir.
Geralmente, a inflação é um fenómeno monetário, surgindo quando há dinheiro a mais a circular numa economia. Será difícil pensar que é o que se está a passar em Angola, embora seja estranha a taxa de juro do banco central que é negativa, portanto, em teoria, convidando a uma desvalorização do dinheiro e aumento de preços.
No mínimo, o banco central está a dar um sinal errado sobre a política monetária, desvalorizando o preço do dinheiro e contribuindo assim para uma expectativa inflacionária.
Contudo, acreditamos que a subida de preços em Angola está ligada a distorções no mercado. Os sectores estão dominados por poucas empresas, que têm influência política, e por isso, conseguem fixar os preços que querem criando um círculo vicioso. Mais liberalização, mais concorrência, mais abertura de mercados levariam a uma estabilização dos preços.
Certo é que não vale a pena culpar a guerra da Ucrânia, o Covid ou a China. O problema inflacionário angolano é interno, e tem de ser resolvido internamente e rapidamente.