Desde o início do ano, Angola enfrenta um preocupante surto de cólera, que já causou a morte de 180 pessoas e registou quase 5.000 casos em 12 províncias. O surto, declarado a 7 de janeiro, continua a alastrar-se, com o Uíge a ser a mais recente adição à lista das regiões afetadas, juntando-se a Luanda, Bengo, Icolo e Bengo, Malanje, Cabinda, Huíla, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Huambo, Cunene e Zaire.
Os números são alarmantes: apenas no último fim de semana, foram reportados 197 novos casos, e 14 pessoas perderam a vida. As províncias de Luanda e Bengo têm sido as mais atingidas, contabilizando, respetivamente, 84 e 71 óbitos desde o início do surto. A doença afeta particularmente crianças, sendo que o grupo etário dos 2 aos 5 anos regista 755 casos e 28 mortes.
A cólera é uma doença associada a condições de higiene precárias e a um deficiente abastecimento de água e saneamento. Esta realidade reflete a incompetência e a negligência do estado angolano na implementação de infraestruturas essenciais e na promoção de medidas preventivas. Enquanto o vírus se propaga, a resposta governamental tem-se revelado insuficiente, tanto na rapidez como na eficácia das ações.
A falta de acesso a água potável e saneamento básico, problemas crónicos em muitas regiões do país, criam um terreno fértil para a propagação de doenças como a cólera. A ausência de campanhas educativas robustas e a fraca capacidade de resposta dos serviços de saúde apenas agravam a situação.
É fundamental que o governo angolano adote uma postura mais proativa e transparente, mobilizando recursos para mitigar o surto e, sobretudo, investir em soluções de longo prazo que garantam melhores condições de vida à população. Sem uma mudança estrutural e sem responsabilidade política, os angolanos continuarão expostos a surtos evitáveis e a tragédias anunciadas.