A economia angolana deverá registar um abrandamento significativo em 2025, segundo o mais recente relatório do gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA). As previsões apontam para um crescimento de apenas 4%, abaixo do dinamismo observado em anos anteriores, e uma inflação persistentemente elevada, estimada entre 21% e 22% no final do ano.
Apesar do impulso proveniente do setcor diamantífero — com destaque para o reinício das operações na mina de Luele —, os analistas do BFA alertam para o impacto negativo das fragilidades estruturais da economia. O consumo privado deverá manter-se fraco, penalizando sectores como o comércio, enquanto a construção poderá beneficiar do aumento do financiamento.
A inflação, que já se encontra entre as mais altas do continente africano, continuará pressionada por vários fatores conjunturais. Entre os principais, o BFA destaca a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, com particular incidência no preço do gasóleo, os ajustamentos salariais no sector público e o encarecimento dos alimentos no mercado internacional. Apesar de uma eventual desaceleração prevista para o final do ano, a taxa inflacionária continuará num patamar considerado preocupante.
As previsões do BFA coincidem com revisões em baixa por parte de organismos internacionais. O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a sua previsão de crescimento para Angola de 2,8% para 2,4%, enquanto o Banco Mundial estima agora uma expansão de 2,7%, contra os 2,9% anteriormente projectados. Também a inflação foi revista em alta por estas instituições, com o Banco Mundial a prever uma taxa de 25%, colocando Angola entre os países da África subsaariana com inflação a dois dígitos.
Estes dados sublinham o persistente problema da estabilidade macroeconómica em Angola.