A intervenção militar da África do Sul no leste da República Democrática do Congo (RDC) tem provocado um agravamento das tensões diplomáticas com o Ruanda. A presença sul-africana na região, no âmbito da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), já resultou em perdas significativas, com 13 soldados mortos na batalha de Goma a 23 de janeiro.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou que a missão não representa uma declaração de guerra, mas criticou as ações do grupo rebelde M23 e do exército ruandês, a quem acusa de atacar as forças da SAMIDRC (força militar de paz regional). Em resposta, o presidente do Ruanda, Paul Kagame, rejeitou as acusações e considerou as declarações de Ramaphosa uma deturpação dos factos. O Ruanda não reconhece a SAMIDRC como uma missão de manutenção da paz, acusando-a de colaborar com grupos armados hostis ao governo de Kigali.

As divergências entre os dois países têm sólidas raízes históricas. Pretória suspeita que Kigali está envolvido em execuções extrajudiciais de dissidentes ruandeses em solo sul-africano, incluindo o assassinato de Patrick Karegeya (chefe dos serviços secretos ruandeses) em 2014. Apesar do recente agravamento da crise, os canais diplomáticos permanecem abertos. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, Olivier Nduhungirehe, minimizou o conflito e elogiou as conversas entre os presidentes dos dois países, embora tenha criticado as declarações hostis da ministra sul-africana da Defesa.

A escalada de tensões reflete a complexidade do conflito na RDC, onde interesses regionais e disputas antigas se cruzam. O desfecho diplomático ou militar desta crise permanece incerto, mas a instabilidade na região continua a desafiar os esforços internacionais de pacificação.