Já sabíamos que iríamos assistir a enormes desafios no desenrolar do Censo Geral da População e Habitação em Angola, particularmente na capital, Luanda. Apesar do Instituto Nacional de Estatística (INE) afirmar que tudo está a correr bem, existem relatos de recenseadores e cidadãos que apontam para problemas significativos.

Um dos principais problemas mencionados é a “invisibilidade” dos recenseadores nos bairros de Luanda e de outras regiões do país. Muitos cidadãos afirmam que não viram nenhum recenseador bater à sua porta, contrariando o que aconteceu no censo anterior, em 2014.

Alguns recenseadores entrevistados disseram ter dificuldades em utilizar o aplicativo disponibilizado para a coleta de dados, e relataram problemas logísticos, como falta de alimentação e transporte. No município de Cuando-Cubango, problemas logísticos também estão a atrasar o início do censo. Uma fonte próxima ao INE revelou que a substituição de formadores devidamente treinados por estagiários com déficit de conhecimento técnico é outro desafio enfrentado.

Apesar do INE afirmar que mais de 92 mil técnicos estão a garantir o processo de recenseamento de modo digital pela primeira vez, os cidadãos ainda não estão a ser alcançados. Alguns cidadãos referem que ficaram o dia todo em casa durante o fim de semana à espera dos recenseadores, mas eles não apareceram. Para o sucesso do censo, a comissão multissetorial recomenda que a população forneça informações verdadeiras aos recenseadores, a fim de que os dados coletados possam subsidiar o governo na definição de políticas mais adequadas às necessidades reais da população.