Cabo Verde deu na semana passada um passo ambicioso rumo à transformação digital, com a inauguração oficial do TechPark CV, um projeto financiado em 50 milhões de dólares pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Esta iniciativa posiciona o arquipélago como um potencial hub tecnológico do Atlântico, desafiando a sua tradicional dependência do turismo.
Localizado na ilha de Santiago, com um campus complementar em São Vicente, o TechPark CV inclui um centro de dados, espaços de formação e incubação de empresas. A meta: criar até 1500 empregos qualificados e fomentar a inovação tecnológica no país. “O parque é a pedra angular da nossa estratégia de transformação digital”, afirma Pedro Lopes, secretário de Estado da Economia Digital.
Apesar da sua reduzida dimensão e dispersão insular, Cabo Verde acredita que estas características podem ser uma vantagem estratégica. A localização — entre África, Europa e América Latina — aliada a boas infraestruturas de conectividade, incluindo cabos de fibra ótica submarinos, reforçam o potencial do país enquanto plataforma tecnológica regional.
Empresas instaladas na Zona Económica Especial para Tecnologias beneficiarão de incentivos fiscais atrativos e políticas de imigração flexíveis. Além de atrair investimento estrangeiro, o governo quer seduzir a diáspora cabo-verdiana, que ultrapassa a população residente, a regressar e contribuir para o desenvolvimento do país.
Com o apoio de gigantes como Microsoft e Intel, o TechPark CV pretende tornar-se num ecossistema de inovação competitivo, servindo mercados lusófonos em África, Brasil e Europa. O futuro que Cabo Verde vislumbra é inclusivo e global, onde talento internacional e local se cruza à beira-mar, a desenvolver soluções digitais com impacto mundial.