O Governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel António Dias, apelou através de uma comunicação que fez à imprensa, para que todos os agentes económicos se unam e tornem a moeda nacional “cada vez mais forte, capaz de responder aos anseios das populações.”

Manuel António Dias fez este comentário na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, realçando que o BNA comprometeu-se a preservar o valor do kwanza, de forma a garantir a estabilidade dos preços dos produtos. Aquilo que nos ocorre dizer desde já é, mal seria se o Banco Central de um país não defendesse preservar o valor da sua moeda nacional!

“O BNA tem responsabilidades acrescidas para redução da inflação no país, mas é necessário que o Executivo angolano perceba que a estabilidade dos preços na economia nacional depende essencialmente da produção local de bens e serviços”, defendeu o Governador.

Isto significa que Banco Central e executivo deverão estar em sintonia neste desafio de converter o kwanza numa moeda forte, centrando-se sobretudo na estabilidade dos preços de bens alimentares. Para Manuel António Dias desenvolver este tipo de discurso no início do ano é bom que tenhamos noção sobre o passado recente do comportamento da moeda nacional e da conjuntura económica atual de Angola.

2023 não foi um ano especialmente favorável. A taxa de câmbio face ao dólar americano no início de 2023, pouco passava dos 500 kwanzas. Pois bem, no início deste ano já verificamos que 1 usd já supera os 845 kwanzas. Este ano a inflação, de acordo com várias instituições financeiras vai passar os 20 %. Só o Governo e o BNA apontam para valores mais otimistas. No ano que agora findou, os preços dos bens essenciais foi talvez a principal “dor de cabeça” da população.

Por isso, embora advoguemos que várias medidas anunciadas para este ano sejam de louvar e que haja mesmo uma inevitabilidade de a economia angolana seguir esse caminho (caso contrário Angola persistirá um país desenvolvido adiado) há que ser realista e sério com os angolanos.

Os cidadãos estão cansados de promessas vãs e de milagres económicos que acabam por nunca acontecer.