Centenas de milhares de refugiados sudaneses fugiram da guerra no seu país e atravessaram para a Líbia, o que suscita preocupações quanto a um potencial aumento do número de migrantes que tentam chegar à Europa por via marítima.

Malik Al-Digawi, responsável pelo programa de redução da imigração ilegal e de ajuda ao regresso das comunidades sudanesas à Líbia, estima que mais de 400.000 refugiados se encontram atualmente em Kufra, perto da fronteira entre a Líbia e o Chade. A Organização de Luta contra a Imigração Ilegal (OCII) considera que o número real poderá ser o dobro.

Muitos refugiados estão concentrados em Kufra e na capital, Tripoli, onde alguns dormem à porta da sede do ACNUR para se registarem. Entram na Líbia através do Egipto e do Chade, muitas vezes desesperados pelos longos tempos de espera e pela falta de ajuda.

“Receamos que os refugiados tentem fazer perigosas travessias marítimas para a Europa se perderem a esperança de obter um registo oficial”, disse Al-Digawi, salientando a trágica morte recente de 40 migrantes sudaneses.

As comunidades locais de Kufra abriram generosamente as suas casas e quintas aos refugiados, e as organizações estão a fornecer alimentos e cobertores. No entanto, o afluxo de refugiados tem esgotado os recursos e suscitado preocupações quanto a uma potencial exploração por parte de contrabandistas.

O conflito, que dura há dez meses, obrigou milhares de pessoas a procurar refúgio no Egipto e no Chade e, posteriormente, na Líbia.

O embaixador sudanês em Tripoli assegurou isenções para os estudantes sudaneses, incluindo a isenção de propinas universitárias e a facilitação da inscrição nas escolas. Entretanto, a ajuda humanitária prometida pelo programa de Al-Digawi continua bloqueada devido a obstáculos burocráticos.