A notícia: “o antigo chefe da Casa de Militar da Presidência da República, general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, foi ontem (08/11), em Luanda, homenageado pelo MPLA.” A par da notícia foi divulgado um vídeo onde surge Kopelipa rodeado de altos quadros do MPLA, inclusive a sua vice-presidente que correm a tirar selfies com ele. No meio daquilo, o general aparenta calma e dignidade. Seria difícil pensar em melhor forma de relações públicas de reabilitação de Kopelipa.

Fica no ar a pergunta: O que pretende o MPLA com esta encenação? A questão é política e não se trata de avaliar a culpabilidade de Kopelipa no processo-crime que alegadamente vai começar dentro em breve no Tribunal Supremo.

O que leva o MPLA a não cortar com o passado? A manter uma relação de ambiguidade com os antigos dirigentes. Ao mesmo tempo que João Lourenço anunciou o combate à corrupção, o MPLA nunca denunciou José Eduardo dos Santos, Manuel Vicente ou Kopelipa.

Não fez aquilo que Khrushchov fez em relação a Estaline. Em 1956, num discurso famoso, Khrushchov reafirmando a sua crença nos ideais comunistas e invocando as ideias de Lenin, critica fortemente o regime de Estaline, particularmente pelas brutais purgas de militares de alto escalão e de quadros superiores do Partido entre 1934 e 1939 —, e pelo culto à personalidade. O discurso foi um marco na Era Khrushchov.

Este distanciamento nunca foi feito pelo MPLA, mantendo uma ambiguidade que redunda na presente homenagem feita a Kopelipa.

É evidente que assim nunca haverá um MPLA renovado, condenando-se o partido à irrelevância muito em breve. Quanto a Kopelipa, marcou pontos…