O Tribunal de Contas do Senegal divulgou uma análise das finanças do país, há muito aguardada, que confirma que o anterior governo apresentou dados económicos fundamentais incorretamente, incluindo a dívida e o défice.

As euro-obrigações soberanas do Senegal caíram a pique após a publicação do relatório.

“O trabalho levado a cabo pelo Tribunal mostra que a dívida pendente é mais elevada do que a apresentada nos documentos de prestação de contas”, diz o relatório do tribunal.

O relatório do tribunal confirmou uma auditoria que havia sido ordenada pelo presidente Diomaye Faye, que assumiu o cargo em abril de 2024.

No final de 2023, o total da dívida pendente representava 99,67% do produto interno bruto, segundo o relatório do tribunal. Isto em comparação com um valor anteriormente registado de 74,41%.

A auditoria encomendada por Faye revelou que a dívida e o défice orçamental do Senegal eram muito mais elevados do que o que a administração do antigo Presidente Macky Sall tinha comunicado.

Em consequência da auditoria, o governo de Faye decidiu não apresentar um pedido de desembolso suplementar ao abrigo da facilidade de crédito de 1,8 mil milhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional. O FMI tinha suspendido o programa na pendência da análise do Tribunal de Contas. A organização afirmou que iria analisar o relatório e iniciar consultas com as autoridades para resolver as questões levantadas.

O relatório do tribunal, que abrange as finanças públicas de 2019 a março de 2024, disse ter detetado outras anomalias e discrepâncias de dados entre os números relatados e os reais.

“O défice calculado e comunicado ao FMI para o período em análise está muito longe do seu valor real, se for tido em conta o volume exato de desembolsos de empréstimos para projetos”, afirmou o tribunal no relatório.

O défice orçamental revisto para 2023 situou-se em 12,3% do PIB, em comparação com os 4,9% comunicados pela administração anterior, afirmou o tribunal.

Numa nota enviada aos investidores após a publicação do relatório, o Ministério das Finanças do Senegal afirmou que iria centralizar a gestão da sua dívida pública e implementar controlos rigorosos sobre os projetos financiados por recursos externos.