Já aqui temos alertado várias vezes o quanto a nossa economia se tem degradado, especialmente no ano transato. São vários os indicadores que nos fazem ficar perplexos com o rumo seguido na política económica governamental. Muitas vezes, observamos também que a retórica sugerida pelo executivo não tem correspondido à realidade.
A insatisfação das famílias angolanas com a situação da nossa economia, é por demais evidente. Isso mesmo ficou demonstrado quando foi analisado o indicador de confiança do consumidor (ICC) em Angola que caiu para -13 no 4º trimestre de 2023. Este é o valor mais baixo desde o 4º trimestre de 2019, evidenciando assim, um aumento do pessimismo das famílias angolanas em relação à situação económica e financeira do país.
Essa tendência deve-se principalmente a dois fatores: o agravamento da opinião sobre a situação financeira das famílias nos próximos 12 meses, que caiu de -1 para -12, e a opinião sobre a situação económica do país nos próximos 12 meses, que também caiu para -4, após estar em terreno positivo no trimestre anterior.
Apesar de uma melhoria na confiança das famílias em 2022, devido à apreciação artificial do kwanza durante o período eleitoral, a falta de divisas após as eleições, combinada com a alta inflação, fez com que a confiança do consumidor se deteriorasse novamente em 2023. Apenas 2% dos entrevistados têm a “certeza absoluta” de que comprarão um carro nos próximos 2 anos, enquanto 11% têm “certeza absoluta” de que comprarão uma casa nesse mesmo período.
O inquérito realizado pelo INE busca avaliar o nível de confiança das famílias angolanas em relação à situação económica e financeira do país e de seus próprios agregados familiares a curto prazo. Os resultados demonstram um cenário de crescente pessimismo, com implicações para o comportamento de consumo e investimento das famílias.